sábado, 28 de abril de 2012

O ESPIGUEIRO


A fotografia mostra um espigueiro, uma construção muito característica dos meios rurais, mas que, infelizmente, está em vias de extinção.
O espigueiro, na nossa região era construído em granito e madeira e, geralmente coberto com telha. Quatro, seis ou oito pilares em granito sustentavam a construção que, normalmente, tinha duas portas, uma em cada extremidade. O corpo era feito com uma espécie de aduelas e uma frincha entre elas deixava entrar o ar e o sol que faziam secar as espigas. Constituía uma espécie de celeiro onde o lavrador guardava as espigas depois de serem colhidas nos milheirais.
Ali ficavam, secavam e eram retiradas conforme as necessidades do seu proprietário.  Logo ao lado estava a eira, um espaço construído com lousas onde as espigas eram descamisadas quando chegavam das propriedades e que serviam depois quando secas no espigueiro, para a malha ou extracção do grão da maçaroca.
Houve um tempo em que o milho era a base da alimentação dos habitantes dos meios rurais. Porém, como tudo o que diz respeito à agricultura, também o espigueiro está em vias de extinção. Os que ainda resistiram ao “progresso” aí estão como uma espécie de monumento sem história para os mais novos, mas repleto de lembranças para os mais velhos que aí guardavam o pão para todo o ano. Pão granjeado com muitas canseiras, muito suor, sempre sujeito às inclemências do tempo que por vezes num instante destruía o trabalho de um anos. Mas o lavrador nunca desistia, trabalhava sempre na esperança de ter boas colheitas. Era um tempo em que não havia subsídios e por isso o pão tinha outro sabor…
 

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