sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

NATAL 2011 - EM FOTOS











































NATAL DE 2011




Segundo a tradição a tribo reúne-se aqui em casa ano sim, ano não. Este ano, dos 11 elementos que a constituem, apenas 7 estiveram presentes. Portanto, sete pratos na mesa – quatro para os membros de Lisboa, um para o do Porto e dois para os veneráveis e respeitados anfitriões.
A ausência dos outros quatro membros ficou a dever-se a questões de trabalho e não a qualquer outro motivo. A sua falta foi justificada e nos momentos mais marcantes quer da noite quer do dia, embora ausentes fisicamente eles estiveram sempre presentes nos nossos corações.
Muito frio, mas com a ajuda da maquineta a gasóleo e da lareira sempre a crepitar, o termómetro manteve-se nos 20º, o que se pode considerar uma temperatura aceitável. Isto para não falar do deus Baco que também deu uma ajudinha sobretudo naqueles momentos deliciosos em que, à volta de uma mesa bem recheada, ele nos presenteou com aquele néctar que nos inunda o palato, empurra os manjares goela abaixo e aumenta a temperatura do corpo!...
À medida que os anos passam, que as rugas se aprofundam, que os movimentos se tornam mais penosos, estas reuniões da Família são um revigorante inexplicável. Quando for velho muito me hei-de lembrar destes momentos!...
Mas chega de palavreado e dou agora a palavra ao trabalho dos fotógrafos que vos vão mostrar o resto…



terça-feira, 20 de dezembro de 2011

POSTAL DE NATAL






















Queridos Tios:
Ainda que se percam outras coisas ao longo dos anos, o Natal é para manter como algo brilhante… A época em que somos mais tolerantes, em que nos entregamos mais, em que regressamos aos natais de infância e em que parece renascer a fé nos homens. Reencontra-se o sabor do tempo, o prazer do sorriso, a emoção da generosidade e a força do equilíbrio mais quente. E o que quer que tenha sido acrescentado à história do Natal, o nascimento de Jesus é um facto histórico, tal como o seu papel de profeta de dimensão global. Por isso, cada gesto cobra uma força especial, porque marcado por um “tapete”de pedras, areias, palhinhas e arbustos, centrado em Belém.
Há quem atribua a esta festa natalícia uma grande percentagem de razões para “começar ou continuar a pensar”. De facto, exige-se uma consciência perfumada de si próprio, permitindo construir uma linguagem onde o Eu e o Outro se igualam no valor e no respeito.
Junto à lareira, escutando a dança das chamas, faço questão de me centrar nalgumas memórias: o pião que teima em cair, a boneca de caracóis esvoaçantes, a bicicleta a pneudalar, a bola multicolor, os tachinhos pequeninos, os rebuçados de um só sabor (para a tosse, de preferência)... - um contacto apijamado com o chão de casa dos meus avós, peça real das mil e uma fantasias de criança. Espero continuar a não resistir a um mergulho na neve macia e revigorante (se possível, sobre uma prancha de surf, para entusiasmo dos meus netos!). E se, às vezes, pedimos uma noite sem horas, estamos no momento certo para falar de Natal, da Sua noite e tentar descobrir o que Ele não nos diz… Isto, sim, um perfeito acto de sedução!
Assim sendo, convido-vos a vibrar na mesma sintonia e a desfazer o grande laçarote vermelho, procurando, no meio deste recreio do Mundo, o sentido do infinito e da liberdade, embrulhado na estesia de um realejo a tocar…
Um Santo Natal, extensivo a toda a Família, um confiante 2012 e mil abraços
Teresinha e Luís Artur
Natal 2011

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O MEU AVÔ EZEQUIEL

Até ao fim da sua vida, o meu Avô Ezequiel foi o meu ídolo, o meu confidente e o meu cúmplice. Excelente contador de histórias, sobretudo sobre o Brasil onde havia estado alguns anos, era muito conhecido na aldeia pela maneira fantasiosa como as contava e pelos seus dichotes.
Homem de forte compleição física, 1,75 de altura, barbas brancas, aqui e além amarelecidas pela cinza dos cigarros que, às vezes, por elas deslizava, o meu Avô Ezequiel encantava pela sua bonomia e boa disposição.
Fomos muitas vezes os dois a Santa Comba Dão, a pé, visitar meus tios – o tio Manuel, irmão de minha mãe, que dava aulas em Óvoa e sua mulher a tia Anita, que dava aulas em Santa C. Dão. Com minha Avó, Umbelina, assistimos aos seus últimos momentos no dia 29 de Dezembro de 1938, tinha 80 anos e eu 12.
São muitas as recordações que tenho dele e é sempre com emoção que, ao recuar no tempo, parece que sinto ainda o seu carinho, as suas barbas roçando-me a cara, as nossas caminhadas, os seus ensinamentos e, sobretudo, o seu orgulho quando evocava o seu bisavô, que era judeu!
Quando, em conversa com alguém, se referia a mim, nunca dizia o meu nome, dizia sempre “o meu menino”. E todos sabiam que eu era mesmo “o menino” do Avô das barbas como eu ternamente lhe chamava….
Foi o meu Avô Ezequiel o primeiro a incutir na minha mente os valores tradicionais entre os quais o amor de família e o respeito pelos outros, valores que se reforçaram ao longo dos anos, que têm resistido a vários sobressaltos da vida e que continuarão a resistir até que chegue o momento final.



segunda-feira, 12 de setembro de 2011



Ricardo, Susana, Ana, André e Mariana, a mais pequenina

O QUE É A FESTA DO TANQUE ?...


Para aqueles que não sabem e também para que fique registado para a posteridade, a “Festa do Tanque” teve origem numa brincadeira de meus netos que em finais de 2009 a pretexto de se reunirem todos, decidiram fazê-lo à volta do velho tanque, construído em 1949 e que tem servido de piscina, onde muitos jovens da aldeia têm aprendido a nadar.
A ideia foi germinando e em 2010 realizou-se o primeiro encontro, faltando apenas um dos elementos, o Ricardo (Richie Campbell), ausente em Espanha onde actuava num concerto. Éramos dez e representávamos três gerações – avós, pais e netos!
O relato fotográfico, ainda que pouco elucidativo, encontra-se no meu blog “Rabiscos”.
Este ano o tanque vestiu nova roupagem, enfiou uma fatiota azul celeste, e eis que, em fotografia, para os menos prevenidos, ele passa por uma verdadeira piscina!
As festas foram marcadas para os dias 10 e 11, mas mais uma vez não conseguimos reunir toda a família e desta vez faltaram dois dos seus membros – o André e o Ricardo. O primeiro porque chegado de terras de sua Majestade Britânica onde o Sol rareia, aproveitou as férias para como qualquer lagarto que se preza, bronzear o físico. O segundo, novamente, por uma arreliadora coincidência de datas, tinha concerto marcado para esse fim-de-semana nos arredores da capital.
Mas, mesmo assim, a festa fez-se…muito embora o céu se apresentasse com algumas nuvens e S. Pedro chegasse mesmo a ameaçar com uns chuviscos. Mas não levou a melhor, porque a rapaziada, mergulhou, brincou na água e encenou até uma batalha à antiga, usando abóboras como projécteis! Muita alegria e boa disposição…
Entretanto, cá fora, no grelhador do terraço, o carvão atingia o rubro e chegou o momento de colocar o entrecosto, o frango e as salsichas nas respectivas grelhas. Numa mesa ao lado imperavam os aperitivos para entreter e o barril de cerveja para molhar a goela. Na cozinha a azáfama não era menor e a Chefe esgrimia as sertãs e as panelas com verdadeira mestria.
O toque do clarim ecoou cerca das 14 horas e eis que começa o ataque…à mesa.
A fotografia diz tudo. Só de olhar para ela se dá razão e se conclui da veracidade dos estudos do senhor Pavlov!
Já o sol começava a esconder-se por detrás do castanheiro quando terminou a contenda. Embora a luta não tenha sido tão renhida como a do ano passado por não haver tantos “inimigos” a aprisionar, uma espécie de cansaço apoderou-se de todos e depois de limpo o campo de batalha, continuaram os festejos, lá fora, jogando cartas…
No domingo, e embora o S. Pedro continuasse zangado houve ainda valentes que mergulharam embora com menos assiduidade do que na véspera. Também o “assalto” teve lugar mais cedo, pois a segunda e terceira geração tinham que regressar a suas casas para, no dia seguinte, recomeçarem a luta pela vida.
RESUMO: Dois dias maravilhosos passados em família com muita alegria, muito humor, brejeirices à mistura, mas que, sobretudo para os “velhotes”, aqueceu a alma e reforçou ainda mais a vontade de viver com as provas de ternura e carinho que receberam de pais e netos…







FESTA DO TANQUE - CONTINUAÇÃO





















FESTA DO TANQUE II





















A FESTA DO TANQUE





















segunda-feira, 22 de agosto de 2011

SAVOIR VIEILLIR - SABER ENVELHECER


Vieillir, se l'avouer à soi-même et le dire
Tout haut, non pas pour voir protester les amis
Mais pour y conformer ses goûts et s'interdire
Ce que la veille encore on se croyait permis.

Avec sincérité, dès que l'aube se lève
Se bien persuader qu'on est plus vieux d'un jour
À chaque cheveu blanc se séparer d'un rêve
Et lui dire tout bas un adieu sans retour.

Aux appétits grossiers, imposer d'âpres jeûnes
Et nourrir son esprit d'un solide savoir;
Devenir bon, devenir doux, aimer les jeunes
Comme on aima les fleurs, comme on aima l'espoir.

Se résigner à vivre un peu sur le rivage,
Tandis qu'ils vogueront sur les flots hasardeux,
Craindre d'être importun sans devenir sauvage
Se laisser ignorer tout en restant près d'eux.

Vaquer sans bruit aux soins que tout départ réclame,
Prier et faire un peu de bien autour de soi,
Sans négliger son corps, parer surtout son âme,
Chauffant l'un aux tisons, l'autre à l'antique foi.

Puis un jour s'en aller, sans trop causer d'alarmes,
Discrètement mourir, un peu comme on s'endort,
Pour que les tout-petits ne versent pas de larmes
Et qu'ils ne sachent pas ce que c'est que la mort.

(François FABIÉ (1846-1928) Ronces et lierres)



domingo, 7 de agosto de 2011

QUANDO A NEVE CAIU NO MEU QUINTAL



Tombe la neige


Tu ne viendras pas ce soir


Tombe la neige


Et mon coeur s'habille de noir


Ce soyeux cortege


Tout en larmes blanches


L'oiseau sur la branche


Pleure le sortilege….

(Adamo)

domingo, 31 de julho de 2011

HÁ ONZE DIAS!...

7X12+1=85

Com que então caiu na asneira
de fazer anos na quarta feira!
Que tolo!
Ainda se os desfizesse...
Mas fazê-los não parece
de quem tem muito miolo!

Não sei quem foi que me disse
que fez a mesma tolice,
aqui o ano passado...
Agora, o que vem, aposto,
como lhe tomou o gosto
e faz o mesmo... Coitado!

Não faça tal; porque os anos
que nos trazem? Desenganos
que fazem a gente velho;
faça outra coisa; que, em suma,
não fazer coisa nenhuma,
também lhe não aconselho.

Mais anos, não caia nessa!
Olhe que a gente começa
às vezes por brincadeira,
mas depois, se se habitua,
já não tem vontade sua,
e fá-los, queira ou não queira!


João de Deus






sábado, 28 de maio de 2011

MEDITE NESTAS PALAVRAS

Ame, apaixone-se, erre, erre quantas vezes forem necessárias. Sorria, brinque, chore, beije, morra de amor, sinta, sonhe, cante, grite, viva...
O fim nem sempre é o final, a vida nem sempre é real, a roda nem sempre é gigante, o passado nem sempre passou, o presente nem sempre ficou, o hoje nem sempre é agora. O tempo... o tempo não pára!
Se for para aquecer, que seja com o sol, se for para enganar que seja o estômago, se for para chorar que se chore de alegria, se for para mentir que seja na idade, se for para roubar que se roube um beijo, se for para perder, que seja o medo, se for para cair, que seja na gandaia, se existir guerra, que seja de travesseiros, se existir fome, que seja de amor, se for para ser feliz que seja o tempo todo...
Não sei se estou perto ou longe de mais, se segui o rumo certo ou errado.
Sei apenas que sigo em frente, vivendo dias iguais de forma diferente. Já não caminho mais sozinho, levo comigo cada recordação, cada vivência, cada lição. E, mesmo que tudo não ande da forma que eu gostaria, o facto de saber que já não sou o mesmo de ontem faz-me perceber que valeu a pena...
N.N.

domingo, 1 de maio de 2011

À TOUS MES AMIS

Sujet, verbe et compliment

«Où les trouver, les mots magiques
Qui diront ce que je ressens?
Pour l'exprimer, le plus pratique,
C'est "sujet, verbe et compliment"!

Le sujet, c'est le sentiment
Que donnent l'amour et l'amitié
Prodigués sans calculs savants
Par ceux sur qui on peut compter.

Le verbe, c'est "aimer, donner,
Comprendre, aider, parler, sourire"
Ils se conjuguent pour créer
Les déclinaisons du plaisir.

Le compliment, c'est le "merci"
Que je voudrais dire simplement
A ceux et celles qui croisent ma vie
Et m'offrent une parcelle de leur temps......

Car le présent si imparfait
Ne prend son sens qu'avec autrui
Et la règle pour bien l'accorder
Passe par l'amour et les amis!»
Sophie

DIA DA MÃE - EM MEMÓRIA...


Uma criança que estava prestes a nascer perguntou a Deus:- Dizem-me que vou ser enviado à terra amanhã... Como vou viver lá, sendo assim pequeno e indefeso?
E Deus disse:
- Entre muitos anjos, eu escolhi um especial para ti. Ele estará à espera e tomará conta de ti.
Criança: - Mas diga-me: Aqui no Céu eu não faço nada a não ser cantar e sorrir, o que é suficiente para que eu seja feliz. Serei feliz lá?
Deus: - O teu anjo cantará e sorrirá para ti... a cada dia, a cada instante, tu sentirás o seu amor e serás feliz.
Criança: - Como poderei entender quando falarem comigo, se eu não conheço a língua que as pessoas falam?
Deus: - Com muita paciência e carinho, o teu anjo ensinar-te-á a falar.
Criança: - E o que farei quando eu quiser falar contigo?
Deus: - O teu anjo juntará as suas mãos e ensinar-te-á a rezar. Criança: - Eu ouvi que na Terra há homens maus. Quem me protegerá? Deus: - O teu anjo te defenderá mesmo que o faça arriscando a sua própria vida.
Criança: - Mas eu estarei sempre triste porque não Te verei mais. Deus: - O teu anjo sempre te falará sobre Mim, te ensinará a maneira de vir a Mim, e eu estarei sempre dentro de ti.
Nesse momento havia muita paz no céu, mas as vozes da terra já podiam ser ouvidas. A criança, apressada, pediu suavemente:
- Oh! Deus estou quase a ir embora, mas diz-me agora, por favor, o nome do meu anjo.
E Deus respondeu:
-Tu chamarás o teu anjo… MÃE!
Autor desconhecido



PARECENÇAS...

A PROPÓSITO DA SITUAÇÃO QUE SE VIVE ACTUALMENTE EM PORTUGAL, ENCONTREI ESTA “PÉROLA” QUE ACHEI POR BEM GUARDAR SEM TRADUZIR PARA NÃO DESVIRTUAR, EVENTUALMENTE, O SEU SENTIDO.


Colbert et Mazarin sous LOUIS XIV

C'est en effet assez troublant...
Certaines "recettes" semblent conserver leurs efficacités à travers les
siècles...

Colbert: Pour trouver de l'argent il arrive un moment où tripoter ne suffit plus. J'aimerais que Monsieur le Surintendant m'explique comment on s'y prend pour dépenser encore quand on est déjà endetté jusqu'au cou ?
Mazarin: Quand on est un simple mortel, bien sûr, et qu'on est couvert de dettes, on va en prison. Mais l'Etat lui, c'est différent. On ne peut pas jeter l'Etat en prison. Alors, il continue, il creuse la dette! Tous les Etats font ça.
Colbert: Ah oui? Vous croyez? Cependant, il nous faut de l'argent. Et comment en trouver quand on a déjà créé tous les impôts imaginables?
Mazarin: On en crée d'autres.
Colbert: Nous ne pouvons pas taxer les pauvres plus qu'ils ne le sont déjà.
Mazarin: Oui, c'est impossible.
Colbert: Alors, les riches?
Mazarin: Les riches, non plus. Ils ne dépenseraient plus. Un riche qui dépense fait vivre des centaines de pauvres.
Colbert: Alors, comment fait-on ?
Mazarin: Colbert, tu raisonnes comme un fromage (comme un pot de chambre sous le derrière d'un malade !) il y a quantité de gens qui sont entre les deux, ni pauvres, ni riches. Des Français qui travaillent, rêvant d'être riches et redoutant d'être pauvres ! C'est ceux-là que nous devons taxer, encore plus, toujours plus ! Ceux-là ! Plus tu leur prends, plus ils travaillent pour compenser c'est un réservoir inépuisable.
(Extrait du Diable Rouge – pièce de théâtre écrite par Antoine Rault)
Pour une fois qu'un message qui circule sur internet est relativement Intelligent il est intéressant de le faire suivre à un maximum d'amis (D'opinions diverses) juste pour enrichir leur culture (si besoin en était). Il faut juste transférer de 4 siècles mais effectivement rien n'a changé dans ce monde...











quinta-feira, 21 de abril de 2011

O QUE A VIDA ME ENSINOU


A vida ensinou-me a dizer adeus às pessoas que amo, sem as tirar do meu coração. A vida ensinou-me a sorrir às pessoas que não gostam de mim, para lhes mostrar que sou diferente do que elas pensam.
A vida ensinou-me a fazer de conta que tudo está bem quando isso não é verdade.
A vida ensinou-me a aprender com os meus erros. A vida ensinou-me a sorrir até quando, por vezes, as lágrimas me toldam o olhar. A vida ensinou-me a ser forte quando os que amo estão com problemas. A vida ensinou-me a ser carinhoso com todos os que precisam do meu carinho. A vida ensinou-me a ouvir todos os que só precisam de desabafar. A vida ensinou-me a amar os que me magoam ou querem fazer de mim depósito de suas frustrações e desafectos.
A vida ensinou-me a perdoar sem reservas. A vida ensinou-me a amar incondicionalmente, pois também preciso desse amor. A vida ensinou-me a pedir perdão, a sonhar acordado, a acordar para a realidade.
A vida ensinou-me que na FAMILIA só a paciência, a tolerância, o respeito mútuo, o saber perdoar, poderão fazer com que os seus elos se mantenham sempre em bom estado de conservação.
Ser feliz não é ter muito dinheiro. Ser feliz é estar rodeado de gente que também se sente feliz quando está connosco.

quinta-feira, 31 de março de 2011

OS FILHOS DA CUNHA

Os filhos da cunha são, geralmente, mal preparados, mandriões, e vaidosos. E mesmo quando protegidos por um “canudo” à guisa de bóia de salvação, nem assim conseguem flutuar e disfarçar a sua incompetência. Os filhos da cunha têm acesso aos tachos mercê da influência de um amigo, de um compadre, de um condiscípulo ou até mesmo da amásia de um primo do presidente ou do director-geral. Raramente entram por dinheiro, mas a sua entrada fica registada e mais tarde pode ser-lhes pedida uma contrapartida que varia conforme o sexo. Os filhos da cunha vivem bem, não têm preocupações, dormem a sono solto, não têm necessidade de contar as moedas pretas e, no fim do mês, recebem um salário que não merecem, mas que lhes é devido pelo seu estatuto de funcionários do “Instituto da Cunha”. Têm gabinete próprio, uma extensão telefónica, uma mesa a abarrotar de papéis que uma filha da cunha lhes traz diariamente. Mas que não consultam… Ali ficam até que os interessados os reclamem. Quando não, catrapus, lixo com eles!... Os filhos da cunha têm um estatuto próprio e o seu protector ou protectora asseguram-lhes uma impunidade absoluta. Geralmente não entram em conflitos, não trabalham, mas também não têm opinião. Os filhos da cunha são subservientes e bajuladores na presença do protector, mas críticos e mal-agradecidos na sua ausência. Os filhos da cunha são, regra geral, adeptos de um clube de futebol da primeira divisão, mas em ambiente desconhecido nunca denunciam, por questões que lhes foram impostas, a sua verdadeira cor clubística – é de bom-tom agradar a gregos e troianos e nunca provocar discussões que conduzam a indagações sobre a maneira como entraram para a Instituição. Os filhos da cunha, no capítulo da política, usam o método camaleónico: mudam de cor conforme mudam as ideologias – dizem com todos, quer seja com os que estão no Governo, quer com os que lhes fazem oposição. E é por isso que, geralmente, sobrevivem a todas as mudanças de regime embrulhados nas suas capas furta-cores. Os filhos da cunha não são, no entanto, todos iguais. Uns são mais espertos do que outros. Enquanto uns se acomodam e se contentam com o lugar e vencimento que têm, outros tentam voar mais alto e chegam a atingir grandes altitudes…. Os filhos da cunha são cada vez mais e encontram-se por todo o lado, mas em maior número nas grandes empresas, nas autarquias, nos hospitais, nas direcções-gerais e até mesmo nos ministérios. É uma “praga” difícil de exterminar, porque muitos deles, entretanto, vão procriando e, assim, os filhos da cunha nunca acabam…

quinta-feira, 3 de março de 2011

« NOITE DOS ABRAÇOS» NA ACERT




y)

Por iniciativa da Associação Cultural e Recreativa de Tondela – ACERT – teve lugar na noite do passado dia 24 de Fevereiro, no espaço Bar Novo Ciclo daquela Associação, um encontro de amigos que se traduziu num Hino à Vida de que foi alvo o nosso Companheiro Felisberto de Figueiredo Marques.
Com a chancela do conhecido e talentoso actor José Rui Martins essa singela festa que pelo seu formato teve tanto de inédito como de simbólico, transformou-se a breve trecho numa espécie de reunião familiar e não foi por acaso que o promotor lhe deu o nome de “Noite dos Abraços”.
Sem conhecimento prévio de quem estaria presente no acontecimento, foi com estupefacção que o Felisberto, ao entrar, se viu perante uma plateia de Amigos entre os quais se misturavam cidadãos anónimos, familiares mais próximos, gradas personalidades civis e religiosas da cidade e ilustres figuras do Distrito, como foi o caso do Bispo da Diocese D. Ilídio Leandro que veio também abraçar o Amigo.
Estiveram também presentes membros do Rotary Clube de Tondela, do Rotary Clube de Viseu entre os quais o próximo Governador do Distrito Rotário 1970, Companheiro António Madeira, e o Presidente do Rotary Clube de Mangualde.
O significado da festa foi dado no início por José Rui Martins que explicou tratar-se apenas de recriar um ambiente familiar, uma sala de estar, onde o anfitrião receberia o abraço dos amigos vindos para lhe manifestarem a sua amizade. E assim foi…
Muitos vieram, e muitos foram os testemunhos de apreço, consideração e estima por um Homem que todos conhecem.
Homem de fé inabalável, íntegro, de trato fácil e afável, distribuidor de amizades e optimismo, solidário e sempre pronto a ajudar, exemplo vivo dos valores da Família, eis o retrato fiel do destinatário de todos os abraços trocados nessa noite inesquecível.
Em ambiente tão acolhedor, tão familiar, tão cheio de recordações e de espontaneidade não admira que em certos momentos a emoção, tivesse falado mais alto e fizesse com que alguma lágrima atrevida tivesse vindo também partilhar na festa!
Noite inesquecível como acima se disse, e que demonstrou mais uma vez que os nós sagrados da verdadeira amizade se fazem mais facilmente sob um humilde teto do refúgio de um pastor que no sumptuoso palácio de um qualquer rei.
Mais uma vez, os membros do Rotary Clube de Tondela num abraço conjunto, manifestam ao Companheiro Felisberto e sua Esposa, Companheira Isolinda, a sua amizade e gratidão por tudo o que nos têm dado, cumprindo exemplarmente o lema rotário pelo qual nos regemos: - “Dar de Si Antes de Pensar em Si.”
Para a ACERT, na pessoa do José Rui Martins, vão os nossos sinceros agradecimentos pela inesquecível “Noite de Abraços”, esse Hino à Vida, que proporcionou momentos de verdadeira amizade, ternura e até emoção em todos os que nela tomaram parte.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

TUDO MUDOU AVÔ!...


Numa fotografia de família já muito antiga que encima uma das estantes do meu escritório, pontifica meu avô materno – um homem corpulento, nariz aquilino, fartas barbas compridas e grisalhas e sorriso nos lábios. Ele foi, a certa altura da minha meninice, o meu ídolo – o homem que sabia tudo!
Contador incansável de histórias, era sobretudo ao Brasil, onde tinha estado emigrado uns anos, que ia buscar todos os "ingredientes" necessários para engendrar uma história que quase sempre terminava numa narração fantasiosa e anedótica.
Homem curtido pela vida, amante da ruralidade, de trato afável, humilde e brincalhão, era por isso muito conhecido e estimado na aldeia.
Porém, muito apegado à tradição e aos costumes dos seus antepassados, era avesso a tudo que cheirasse a modernidade. Um dia quando cortávamos peras para secar, meu avô fez um pequeno golpe num dedo, e o sangue não tardou a jorrar. Calmamente, tirou o seu lenço vermelho do bolso, – o tabaqueiro, como se chamava – limpou com ele a ferida e não deixando que fossemos buscar o desinfectante da época – a tintura de iodo logo aplicou no golpe o seu hemostático preferido – a cinza do seu cigarro e uma mortalha do mesmo a servir de adesivo!
Era alérgico a pílulas, a pós, ou a líquidos vindos do boticário. A Natureza, – dizia ele – era a sua farmácia. Mais eficaz e mais barata...
Se meu avô Ezequiel pudesse hoje vir ver a sua aldeia e verificar toda esta evolução e progresso, ficaria de boca aberta diante de tudo o que se tem inventado. Mas creio que seria ainda maior a sua surpresa diante de nós mesmos... «Por que razão, – pensaria ele – dispondo de todos os instrumentos, os mais incríveis e aperfeiçoados para a conquista do bem-estar e da felicidade, toda esta gente se mostra tão desesperadamente vazia de confiança na vida e neles próprios?!...
«Que aconteceu ao homem que desbravou terras, desviou rios, amanhou penhascos, tudo com os seus próprios braços, sem a ajuda de quaisquer máquinas? Que é feito daquela alegria, daquela confiança de antanho, com que ele experimentava a força do seu braço contra os poderes da adversidade?...»
É verdade avô! Setenta e três anos é muito tempo!... Tudo mudou. Os tempos e os homens...
A coragem dos nossos antepassados tinha a sua origem numa aceitação serena do êxito e do fracasso, das atribulações e das venturas, como se elas constituíssem a ordem natural das coisas à qual o homem se devesse conformar, contando apenas com Deus e com a sua própria firmeza interior – a Fé. O que realmente lhes importava não eram os números nem a própria fortuna, mas sim a maneira como suportavam essa prova e mostravam a fibra de que eram feitos.
Seremos capazes de recuperar essa jovialidade, essa aceitação cordial do preço da fortuna que dava aos nossos antepassados a coragem não só de suportar a adversidade, mas de suportá-la com brio e galhardia?
Tenho muitas dúvidas.



sábado, 19 de fevereiro de 2011

OS DOIS VELHOTES

Na carruagem-restaurante, dois velhotes sentados face a face, tiram do bolso a mesma embalagem de remédio e dissolvem o pó nos respectivos copos de água. Depois, olham-se como dois cúmplices, e sorriem...
- Desculpe, mas não me diga que também sofre da coluna!...
- É verdade. E pelo que vejo, o senhor também.
- Exactamente. E não pode calcular o prazer que sinto...
- Prazer?!... Olhe que a mim não me dá prazer nenhum.
- Perdão! Não me referia às dores, mas ao prazer de encontrar um colega...
- Pois foi o mesmo que pensei quando li o rótulo da sua embalagem!
- Artrose?...
- Acertou.
- Eu, bicos de papagaio...
- Também tenho. Não sente de vez em quando uns estalidos?
- Ai que não sinto!... Se o comboio não fizesse tanto barulho até lhos fazia ouvir.
- Eu, só p’ra médicos tem sido uma fortuna: chapas, análises e, por fim, receitaram-me estes pós.
- Exactamente o meu caso.
- Eu só senti melhoras uma vez. Estava deveras empenado e de tão desesperado fui a um armário que temos lá em casa, tirei uma caixa ao acaso...
- E então?!...
- Durante oito dias não soube o que eram dores. Depois, e ainda por acaso, voltei a ler a literatura e dei conta de que o papel estava trocado e que os supositórios eram para a gripe! Não lhe conto nada...
- Efeito psicossomático...
- Evidentemente!
- E quem sabe até se não seria a ginástica que fez ao pôr o supositório que lhe pôs a vértebra no lugar?
- Também já pensei nisso...
- Sabe, é que às vezes um gesto, uma posição diferente... E a propósito: para onde vai se não sou indiscreto?
- Olhe, vou fazer uma cura de lama, porque dizem que faz muito bem...
- Tem graça. Eu também. Antigamente, quando o meu avô Marcelino ia muitas vezes ao médico e se queixava sempre da mesma coisa, o doutor mandava-o à merda! Agora, com todas estas modernices, mandam-nos fazer banhos de lama...
- A coisa não dá para rir, mas apetece dizer que nos tiraram da merda e nos meteram na lama...
- Coisas do progresso, Amigo! Antigamente era uma pobreza franciscana: sinapismos, papas de linhaça, ventosas, caldos de galinha... Até na morte éramos pobres! Hoje, morre-se rico... Veja a quantidade de €uros que um cristão engole em remédios antes de entregar a alma ao Criador!...
- É verdade... Mas está na hora de tomarmos os nossos pozinhos...
- Tem razão. Então à sua saúde!
- E à sua também!...





sábado, 22 de janeiro de 2011

ATCHIM!...

Era segunda-feira. Chovia e ventava. Abri o chapéu, e partiu-se uma vareta. Caíram-me uns pingos no nariz. Os óculos embaciaram-se. Paro. Limpo-os com o lenço e continuo o caminho. Passou um automóvel e os borrifos da água que a sarjeta não engoliu por ter a boca tapada, encharcaram-me as calças.
Um banho gratuito. E frio. Instintivamente, e ao sentir as pernas molhadas, não contive um palavrão.
O jovem condutor deve ter ouvido, porque, sorridente, mo devolveu traduzido naquele gesto dos três dedos: um estendido e os outros dois dobrados, que é bem conhecido de todos!
Um grupo de alunos, rapazes e raparigas, de regresso das aulas, presenciava a cena:
- «Então velhote, uma banhoca de borla…» – disse, sorrindo, uma das raparigas.
Risota geral. E eu também achei graça à espontaneidade da menina de calça de ganga, ténis desapertados e cabelo desgrenhado. É assim esta nossa juventude de hoje – desinibida e irreverente por fora e por dentro!
E lá continuei o caminho pensativo. Quando passava em frente do monumento ao Soldado Desconhecido, tive a sensação de que ele, lá do alto do seu pedestal, me piscou o olho numa cumplicidade brônzea e fria como as minhas pernas. Coisas de velho. Uma estátua a ter sentimentos!...
De repente, lobrigo ao longe alguém conhecido, mas que ao avistar-me, faz de conta que não me vê, e muda de passeio. E ainda bem, porque também não estava com grande disposição para conversas. Tanto mais que é um daqueles sujeitos que de nada mais sabe falar que não seja de política. E como eu detesto ciências ocultas…
O vento aumentou de intensidade e ainda bem, porque a continuar assim, era uma vez um guarda-chuva. Entretanto, cheguei. Ena pá!... Que grande fila!
Antigamente, (que raio de palavra esta!...) havia três ou quatro funcionários e não havia “bichas”… Ao ver a minha expressão de surpresa o homem do rabo da fila, – um sujeito simpático, com cara de bon vivant, – sorriu, e falou: «Isto hoje está melhor que na semana passada, patrão! É a terceira vez que tento e tanto tempo espero que acabo por me chatear e vou-me embora…» Levou o cigarro aos lábios aspirou a fumaça duas vezes e continuou: «A minha patroa diz-me p’ra fazer como ela que vai para o Centro de Saúde às quatro da matina p’rá arranjar vez e ter consulta, mas isso de andar de noite como as corujas, não é cá comigo…»
Sorri e concordei. E vi tanta gente à espera, o céu tão cheio de nuvens negras, e o meu guarda-chuva de asa caída que meti a senha no bolso, pus pés a caminho e regressei a penates. Sem os papéis preenchidos, com os pés molhados, as calças coladas às pernas, mas já a pressentir uma daquelas constipações que nem queiram saber… à… à… Atchim!...