sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

ORIGENS

Também assisti ao degradante espectáculo em que se tornou o debate sobre a aprovação do Orçamento. E fiquei triste. E envergonhado. E revoltado… Foi com estes políticos, irresponsáveis, sem educação, sem sentido de Estado, que chegamos a esta triste e vergonhosa situação em que nos encontramos!
Apesar de já ter lido várias versões acerca das nossas origens, eu continuo a acreditar na minha. Isto é, continuo a partilhar aquela que diz que somos descendentes de tribos de homens violentos que se empoleiravam nos cumes dos montes e que soltando grunhidos selvagens corriam à pedrada os intrusos que tentavam apossar-se das suas terras…
Depois, mais afoitos, descemos dos refúgios, aventurámo-nos e, sem medo, à rédea solta, lançámo-nos no desconhecido.
E sobre cascas de noz entrámos mares adentro, enfrentámos ondas alterosas, matámos gigantes marinhos, resistimos a doenças inimagináveis e guiados pelas estrelas continuámos vogando, subindo e descendo, à mercê das correntes e das marés…
Fizemos frente aos mais variados perigos, e diz a lenda, que à falta de mantimentos, fomos até obrigados a comer a sola das sandálias, mas que apesar de tudo isso acabámos sempre por pôr pé em terreno enxuto.
E descobrimos terras que ninguém conhecia. E travámos lutas titânicas. E convertemos ímpios e renegados. E domámos povos selvagens, subornámos régulos, e tornámo-nos os maiores do Mundo!
E fomos ao mesmo tempo mestres na navegação, conquistadores imbatíveis, temidos piratas, heróis consagrados, aventureiros, sonhadores e alguns até conseguiram uma auréola… e chegaram a santos!
Fomos depois evoluindo através dos séculos e de trambolhão em trambolhão, cai aqui, levanta acolá, ora ricos, ora pobres, lá nos aguentámos. Mas depois de tantos tombos e de tantos pecados termos cometido, a justiça divina – que não dorme!... – transformou-nos naquilo que somos hoje – uma espécie de irmandade de hipócritas, de fingidos, de vaidosos, de incompetentes, de mentirosos… e de acomodados – batemos palmas em público ao mandante que veio reinaugurar uns quilómetros de asfalto e depois em casa, rodeados pela família, janelas fechadas, chinelas nos pés, chamamos-lhe os piores nomes….
Dizem as estatísticas que ocupamos os primeiros lugares em pobreza, no consumo de álcool, em acidentes na estrada, na corrupção e em esbanjamento de dinheiros. Bagatelas. Tudo bagatelas!...
Reflictam um pouco no que viram e ouviram neste debate sobre a aprovação do Orçamento e digam lá se não é verdade que somos, de facto, os descendentes de tribos de homens violentos que se empoleiravam nos cumes dos montes e que soltando grunhidos selvagens corriam à pedrada os intrusos que tentavam apossar-se das suas terras…
Só que, agora, em vez de terras, é de tachos que se trata.
























































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