sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

PRIVACIDADES


O que poderá vir a acontecer no futuro, quanto à violação da nossa vida privada?
Computadores, Internet, telemóveis, câmaras de filmar e microfones sofisticados e escondidos – não serão esses "prodígios da ciência" que amanhã poderão fazer com que a nossa intimidade seja posta a nu?!...
Não estará o homem, – cada vez mais preocupado em aperfeiçoar esses objectos de comunicação – a contribuir para que a nossa vida particular sofra as mais infames violações e que no futuro sejamos condenados a uma "transparência" pouco séria e honesta?!
Acho que vale a pena fazer uma pequena meditação!...
É que, com o aperfeiçoamento contínuo desse "aparelhos de espionagem" não restam dúvidas de que, a passos de gigante, começamos a integrar-nos numa nova sociedade – uma sociedade traiçoeira, vivendo em liberdade, mas onde somos permanentemente vigiados por esses "brinquedos" dos quais muitos de nós já não podemos separar-nos.
As fronteiras da vida privada e da confidencialidade são cada vez mais permeáveis à invasão desses "objectos" que, embora identificados, ainda não se sabe até que ponto podem afectar a vida de cada um de nós.
O que é certo é que vivemos numa espécie de casa de vidro, em liberdade vigiada, mas sob o controlo permanente de um olho mágico, que espreita sem sabermos de onde, nem quando.
São as contrapartidas que somos obrigados a pagar em troca das vantagens e do conforto que as novas tecnologias nos proporcionam!
E inebriados com tanta maravilha, quase sem darmos conta, abdicámos de uma grande parte da nossa intimidade e da nossa independência!
Nos restaurantes, nos supermercados nas portagens por onde passamos e onde pagamos com o nosso cartão bancário, ali deixamos registada a nossa passagem, expondo dessa maneira um pouco da nossa privacidade.
Ninguém nos garante que um dia, propositado ou não, esses dados sejam coligidos e as informações obtidas, utilizadas fora do seu verdadeiro contexto...
«A liberdade é impossível numa sociedade que se recusa a aceitar o facto de que cada um de nós age de maneira diferente em privado e em público. Obrigando os cidadãos a viver numa casa de vidro, sem cortinas, as sociedades totalitárias negam a sua intimidade aos seres humanos e transformam-nos em objectos» – como escreve Milan Kundera no seu livro ’A Insustentável Leveza do Ser’.
Um programa que está a ser transmitido por um dos nossos canais televisivos e que é uma versão mais moderna de um outro exibido há anos, dá-nos uma ideia, embora esbatida, do que nos poderá esperar no futuro
Tudo isto me leva a crer que o futuro do homem do século XXI será tecnologicamente civilizado. Mas humanamente bárbaro.





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